segunda-feira, 27 de outubro de 2014

[Resenha] Quando as Sereias Choram - Mirella Ferraz

Olá bruxinhas e bruxinhos, tudo bem com vocês?

Hoje vamos falar sobre um livro que é um dos meus favoritos do ano, se não for “O” favorito.
O livro é “Quando as Sereias Choram” da Mirella Ferraz. Eu nunca tinha ouvido falar do livro e nem da autora, que inclusive é brasileira, e é por isso que eu amo a Bienal do Livro. Eu estava no estande da Novo Século, e vi que tinha um “seção” sobre sereias, e como eu nunca tinha lido nada do gênero, mas tinha vontade, peguei o  livro e li a sinopse, foi amor à primeira lida kkkkkk’.
Vamos lá então?

Autor (a): Mirella Ferraz
Editora: Novo Século
Páginas: 398
Ano: 2014
Sinopse: “Uma lenda esquecida será recontada. A história de uma sereia e de uma santa real, adorada e renegada ao mesmo tempo. Santa Murgen, a “nascida do mar”, a santa retratada como uma sereia, que incrivelmente mudou o mundo e até a maior religião existente. Eternizada nos Anais Irlandeses, ela conseguiu romper com tabus e estremecer o patriarcado.
Uma figura pagã inserida misteriosamente no seio de igrejas cristãs. Amores, paixões, guerras e morte. O mundo viking visto através dos olhos aterrorizados dos cristãos, dos olhos azuis e sedentos por sangue de um guerreiro, mas principalmente, através dos olhos acinzentados de Liban, a menina que nasceu no mar e que carrega além de uma mágica ligação com o oceano e com um golfinho, questionamentos selvagens acerca do mundo que a rodeia.
Os mares escondem histórias misteriosas. E é uma, dentre tantas, que será contada agora. Porém, não se melindrem, será uma em especial.

Liban nunca foi uma garota normal e ela nem se sentia assim, sua vida nunca foi normal, ao começar pelo seu nascimento. Ela veio ao mundo dentro do mar, no meio de uma tempestade e por ajuda de uma sereia............. inusitado, não é mesmo? Sua mãe dizia que o nascer a sereia a tinha abençoado e por isso ela tinha uma conexão impressionante com o mar.

Sua mãe morreu muito cedo, deixando Liban sozinha com o tio Burton, o qual não gostava nenhum um pouco da menina e sentia prazer em maltratá-la. Mas Liban tinha alguém que olhava por ela, ela não tinha certeza de quem era mas sabia que essa pessoa estava lá, no mar. Após algum tempo da morte de sua mãe, quando a menina estava prestes a tirar a própria vida, essa ajuda do mar mandou algo a Liban que fez com que a garota desistisse da ideia de morrer, ela ganhou um presente que não deveria ser negado a ninguém. Um amigo. Ulisses. Um golfinho que parecia entender tudo o que ela lhe falava e sentia, passou a ser seu companheiro de todas as horas.

Libam morava em uma cidade católica, mas não aceitava muitas das coisas que a religião pregava, por isso não tinha amigos, não conversava com ninguém da cidade e todos falavam mal dela, de como era estranha. A menina por isso, gostava de passear sozinha em um bosque, na praia onde Ulisses se encontrava com ela, até o dia em que ela viu ele....... Ivar.

Ivar era um guerreiro viking, era temido por todos, sua fama era de “mão da morte”, ele era herdeiro de um império na Dinamarca, quando seu tio e padrinho Ragnar, morrer. Após fracasso em sua última batalha, onde perdeu muitos de seus melhores homens, seu tio o mandou para viagens comerciais, como uma forma de Ivar pensar nos erros que cometeu e é nesse momento que Liban e Ivar se conhecem.

Ivar odiava viagens comerciais, afinal ele era um guerreiro e assim não tinha paciência para ficar no porto, negociando as cargas, então saiu para dar uma volta e conhecer a cidade e foi acabar parando em um bosque com um pântano e acabou ficando preso no lamaçal, nesse mesmo instante Liban, estava passando pelo lugar em que Ivar estava com problemas e tentou ajudar o escandinavo, sem saber de sua origem.

Após uma pequena briga entre os dois, já que a menina deixou Ivar quase se afogar na lama/lago, os dois se encaram e para eles naquele momento não existia mais nada no mundo. Cada um pensava que nunca tinham visto  pessoa mais bonita na vida. Liban estava impressionado com o escandinavo, alto, loiro, com um porte forte e musculoso, cabelos compridos e uma cicatriz acima da sobrancelha e olhos tão azuis quantos os mares em dias de verão. Ivar nunca tinha sentido nada parecido, a criatura na sua frente parecia uma deusa, cabelos compridos e negros, olhos prateados e um corpo deslumbrante.

“Chegou mais perto dele, aproximou seu rosto e então, sem nada a dizer, Ivar a envolveu com seus braços, embalando sua cintura e puxando-a para bem perto.”

Mesmo com a inegável atração que Liban sentia por Ivar, ela se fez relutante em manter contanto com o viking, já que ele era o “inimigo”, e só após muitas brigas, intrigas e alguns encontros inesperados, ela não aguentou e se entregou à paixão. Já Ivar, não sabia o que estava acontecendo com ele, nunca tinha nutrido sentimentos por uma mulher, muito menos sentimentos que o fizessem perder a cabeça.

Após finalmente admitirem que estavam apaixonados um pelo outro, começaram os planos: Liban odiava viver com o tio que a maltratava e Ivar não podia ficar para sempre no mesmo porto, a única solução era Liban ir embora com Ivar. Será que isso daria certo? E se o destino  quisesse  que as coisas aconteçam de outra forma? E se mesmo que tudo desse errado, você desistiria do verdadeiro amor da sua vida?

“O colar que joguei ao oceano é para que um pouco de mim permaneça nas águas dela, que ela tanto amava....”

Esse livro é o meu preferido do ano, com certeza. Nunca tinha lido nada sobre sereias e essa minha leitura de estreia foi sensacional, com certeza Mirella Ferraz ganhou meu coração de leitora.

Uma das coisas mais legais do livro é que como Ivar é um escandinavo, viking, dinamarquês temos um contato com mitologia nórdica através das notas de rodapé que são referências à deuses e lugares sagrados para eles.
A narrativa é rica em detalhes mas consegue ser fluída ao mesmo tempo, e temos um narrador em terceira pessoa, então podemos saber o que os nosso casal está pensando e sentindo, também conseguimos saber o que está com os dois mesmo que eles estejam separados por milhares de quilômetros.

Agora, quanto aos personagens, Liban apesar de ser uma mocinha é bem decidida e em nenhum momento enrola ou vacila nas suas decisões, e também não endeusa Ivar, na verdade ela bate de frente  quando não concorda com suas opiniões e atitudes,  isso é bem legal. Tirando a evolução dela dentro da história, no decorrer dos fatos que é impressionante.

Ivar é outro galã literário para entrar na minha lista, mas não se enganem, ele não é o mocinho. Não esqueçam que ele é um guerreiro viking que gosta de matar mas quando se trata da mulher que ele ama, o dinamarquês não podia ser mais encantador.  


A obra também nos traz uma importante discussão sobre religião. A autora faz os personagens discutirem como a religião cristã diminui outras religiões só por terem mais de um deus, e não ser o Deus deles e como a Igreja inferioriza a mulher e o seu papel na vida dos homens, retratando que o seu corpo é o caminho do mal e etc,. É uma discussão bem interessante.

“Talvez as lágrimas femininas sirvam de espelho para alguns homens, revelando uma face de si mesmos que eles têm vergonha de encara.”
A única coisa que não me agradou mas que também não interfere na leitura é quanto ao final, pois demora um tempo razoavelmente longo para os fatos se desenrolarem e o final acabou ficando muito corrido, tudo acontece nas últimas 20 páginas, acho que ou podiam ter cortado alguma parte em que não acontece nada de tão importante ou desenvolver mais o final, mesmo que o livro ficasse maior.

Mesmo assim, recomendo o livro para todos, não deixem de ler essa obra-prima.

Eu dei quatro gatinhos para a história


Por hoje é isso pessoal, espero que vocês tenham gostado.
Não esqueçam de comentar!
Até mais, beijos ;*


 

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